Ululante Lú

Vou de táxi…

Posted on: 05/04/2010

Nos últimos três meses em que fiquei entre Rio e  São Paulo  eu andei muito de táxi,. Ás vezes porque  voltava de madrugada e o ônibus para casa já tinha  parado de passar há muito tempo, outras porque eu  não conhecia São Paulo suficientemente bem para  me aventurar nas ruas que mudam de nome e linhas  de ônibus que parecem mais uma sopa de letrinhas,  e muitas vezes por pura preguiça mesmo.

No Rio meu meio de transporte é o ônibus, é  irritante , muitas vezes está lotado, mas também é  uma delicia. Eu sou dessas pessoas que dá papo  para qualquer um (e meus interlocutores de viagem  parecem notar isso) já ouvi tanta história triste e inusitada no trajeto faculdae- trabalho- casa que poderia escrever um livro ( se eu lembrasse de todas) . Em São Paulo o pessoal não se abria com essa facilidade no ônibus,e foi com os taxistas que eu me realizei, embora sempre fosse eu a tomar a iniciativa no papo.

“Nossa que bairro bonito! Como chama?” “Nossa aqui todo taxi tem GPS né?” “ Nossa moço você não tem GPS???” “E a chuva hein moço” E por aí vai, perguntava ou exclamava qualquer coisa para puxar papo. Descobri muito sobre São Paulo com os taxistas , como a reestruturação na engenharia de trânsito da via que leva até o aeroporto de congonhas, que os casarões às margens da Avenida Brasil só podem ser alugados ou vendidos para empreendimentos comerciais, as residenciais começam nas paralelas, entre o comercio o local onde funcionava a concessionária de carros de luxo de Juan Cárlos Abadia , o megatraficante colombiano.

O taxista que me contou tudo isso foi seu João, também conhecido como Careca, o taxi é comum, mas ele sempre fica no ponto em frente ao Mercure da Capote Valente. De todos os taxistas de São Paulo foi o mais correto me deu notinha e explicou que lá tinham todas as informações da corrida , o preço, a hora que entrei  no táxi, a hora que ele parou o taxímetro e o telefone caso eu retornasse a São Paulo.

Um outro taxista que faz ponto no Formule 1 da Consolação quase me convenceu a entrar para a profissão.  Ele formado em engenharia mecatrônica  desistiu de um emprego onde ganhava R$3 mil para faturar mais de R$ 5 mil com o táxi, e olha que ele  tem como opção não trabalhar a noite o turno diário dele não dura mais 12 horas.

Virar taxista em São Paulo não é lá muito fácil . É preciso ter um Condutax e um alvará de estacionamento, mas não é sempre que a prefeitura concede esses beneficios., atualmente com 32 mil alvarás ativos, a administração municipal entende que a demanda de passageiros está sendo suprida. Quando abertas as inscrições para obtenção do registro o  “futuro” taxista ainda deve cumprir uma série de exigências , dentre elas um curso de preparação para taxista que  dura uma semana

Todo esse rigor e fiscalização acabam permitindo uma maior diversidade entre os motoristas. Em São Paulo é muito comum ver taxistas mulheres como a Evelene, que trabalha ˙com o táxi há 5 anos. Eve está sempre maquiada, resquícios de quando era consultora da Natura em tempo integral (hoje ela concilia a atividade com o táxi) . Ela optou pela profissão para ficar mais tempo com os filhos pequenos, ela e o marido , que também é taxista, revezam os turnos e não trabalham a noite. Eve só reclama do trânsito e quando pergunto se ela trocaria o táxi por um escritório ela responde rindo “ De jeito nenhum!”

Por enquanto eu ainda vou insistir no jornalismo, mas depois de tanto conversar com os taxistas , até que não seria uma má idéia …

5 Respostas to "Vou de táxi…"

Eu já escutei algumas histórias sobre taxistas, já li sobre etiqueta com taxistas… o que me leva a perguntar: deu gorjeta a eles?

E quanto histórias em ônibus, nem vou comentar. Você esteve comigo em várias!

Dei gorjeta para alguns, geralmente os da madrugada, mas alguns até recusavam. Pois é velhos tempos de 750 , nosso amigos passageiros estão passando um mal bocado lá no Rio das Pedras com a chuva…

Esqueceu de falar que aqui no Rio sempre tem uma ótima companhia no táxi, que deixa vc dormir e indica o caminho pro taxista … heheheh
Adorei Lu., tá muito legal!

Nossa, eu ando pouquíssimo de taxi, mesmo aqui em SP! Gosto mais do metrô e das correrias nas baldeações. Inaugura, Linha Amarela, inaugura!

Infelizente em SP fui a alguns lugares desprovidos de metrô , que eu tb adoro( principalmente a loucura das baldeações, quando estou cheia de mala então a adrenalina sobe que nem em montanha russa hehehe) , o do Rio é sem graça…

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Luísa Ferreira

Jornalista, carioca da gema que mora em São Paulo.

E-mail: lumferreira@gmail.com
Twitter: @luisamferreira